quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Blog do Leandro Leite entrevista o candidato a Prefeitura de São Paulo, Ricardo Young (Rede)

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O Blog do Leandro Leite entrevista o candidato a Prefeitura de São Paulo, Ricardo Young (Rede Sustentabilidade).

Confira a entrevista abaixo:

1. A cada dia que passa, aumenta os congestionamentos na capital paulista. Como o senhor pode melhorar o trânsito de São Paulo?

Tornando o sistema de transporte público mais eficiente, inclusive no centro expandido, para que a classe média, que normalmente opta pelo transporte individual motorizado, sinta-se confortável para usar o transporte público. Pretendo também criar mais medidas de incentivo ao compartilhamento de veículos e seguir incentivando o uso das bicicletas como meio de transporte. Além disso, a aproximação de moradia e trabalho e o adensamento nos eixos de transporte, premissas fundamentais do Plano Diretor Estratégico que aprovamos na Câmara em 2014, são medidas que precisam nortear todas as decisões da gestão municipal.

2. O Senhor é a favor do pedágio urbano?

Não.

3. Uma das maiores polêmicas do governo Haddad foram as tentativas de tirar os cobradores de ônibus e aumento nas tarifas. O senhor é a favor ou contra a permanência dos cobradores e como não aumentar a tarifa todos os anos, já que o serviço não é bom e é caro?

Toda Tarifa Zero é uma ilusão, porque se nós não pagarmos na catraca, nós pagaremos na forma de impostos. Com toda a crise que tivemos na tarifa da cidade de São Paulo, o subsidio saltou de R$ 800 milhões, no inicio do ano de 2013, para mais de R$ 2 bilhões agora no final de 2016. Nós tivemos uma inflação do período em torno de 30% e tivemos um aumento de subsidio de mais de 100%, portanto, não é razoável a ideia da tarifa livre com a capacidade fiscal que hoje o município tem. Porém, é possível se ter uma racionalização melhor da tarifa e é possível se abrir a caixa preta desses custos do sistema de transporte que, como se é sabido, hoje é monopolizado e tem um enorme poder sobre o Executivo, então, não só temos que abrir essa caixa preta, como temos que flexibilizar a licitação do que virá, de forma que mais concessionarias participem, diminuindo o poder de monopólio do próprio setor. Acredito que possamos ter tarifas mais baratas, não concordo com a tarifa zero, mas concordo com a transparência na planilha de custos e que nós tenhamos revisões bianuais desses custos antes de decidirmos pelo aumento da tarifa.

Eu sou a favor de um segundo funcionário dentro dos ônibus. Com o bilhete único, os cartões de crédito e os passes, o papel tradicional do cobrador mudou, ele é muito mais alguém que assiste a população, dá informação e ajuda o motorista na segurança do veículo, porque é impossível, em um transito caótico como o da cidade de São Paulo, termos o motorista cuidando de uma direção segura ao mesmo tempo em que no próprio ônibus você possa ter tumulto, possa ter briga, assalto, ambulante que entra no ônibus e fala alto ou pessoas que coloquem músicas, então é necessário um segundo agente de transito para que, subsidiariamente ao trabalho de cobrança, cumpra essas outras funções. Precisamos ter uma readaptação do antigo cobrador a uma nova realidade de transporte público da cidade, que está caminhando para o multimodal, que tem novas necessidades de transporte e tem problemas graves de segurança ainda nos veículos.

4. Qual será sua meta para a descentralização e fortalecimento das subprefeituras?

A primeira medida seria convidar todos os conselhos para discutir as demandas do território. Nosso programa propõe que consigamos resolver os problemas dentro de uma visão de sustentabilidade de forma prioritária, sendo assim, a questão ideológica e partidária passa para um segundo plano.  Nós vamos reunir todos os conselheiros, debater as questões e então teremos as prioridades mapeadas, os recursos orçamentários serão destinados de acordo com elas. Sou a favor das eleições de subprefeitos, de modo que os conselhos possam indicar três nomes de pessoas qualificadas para essa função, onde escolherei um para governar, com a condição que os três indicados sejam do território. Meu objetivo é terminar o mandato não só com essa gestão descentralizada, mas com uma gestão inteligente com muita organização.

5. Qual será o maior desafio em sua administração?

O desafio de todo novo governo é se assenhorar da administração, nomear as pessoas adequadas e então prosseguir tomando as primeiras medidas. Um dos pontos mais importantes da nossa gestão vai ser descentralização de todas aquelas tarefas e serviços que possam ser feitas no território, um modelo de co-prefeituras onde haverá toda a descentralização desses serviços com o acompanhamento dos conselhos e das entidades no território para que o próprio co-prefeito possa encaminhar com agilidade e clareza. Mas não é só a descentralização, vamos criar um banco de dados, um big date que ira sistematizar a inteligência que esta sendo feita e desenvolvida nos territórios e informações, criar indicadores de desempenho dessas atuações descentralizadas e a destinação de recursos. Nós acreditamos que a descentralização vai desonerar uma estrutura super centralizada e cara que temos hoje e vai dar maior agilidade ao aproximar o serviço público do bairro, território e cidadão.

6. Nesse ano de 2016 a cidade de SP passou por um grande sufoco com a rivalidade que foi criada entre Uber x Táxi. Tivemos muitos protestos dos taxistas para o prefeito Haddad não liberar o Uber, algo que não aconteceu. O senhor é a favor do Uber?

Sou a favor de um sistema de transporte público individual de interesse público eficiente e de qualidade, tanto para usuários, quanto para prestadores de serviço. Nesta polêmica, o que fiz enquanto vereador, foi ouvir ambos os lados e estudar profundamente o problema. A conclusão foi que o gargalo do sistema era o represamento de alvarás por parte da Secretaria de Transportes, que resultou em monopólio das licenças existentes pelos grandes frotistas e consequente exploração dos motoristas, que pagavam valores exorbitantes pelo uso destes alvarás. Minha proposta, expressa no projeto de lei 416/2015, era reestruturar todo o sistema, colocando em condições equânimes taxistas e os novos motoristas, que teriam à sua disposição os aplicativos, para escolher com qual gostariam de trabalhar. Mas, isso seria feito com a Prefeitura atuando para evitar o dumping e controlando a quantidade de carros nas ruas, para não saturar o sistema, e não de forma desenfreada como a gestão atual fez. O cenário desenhado por Haddad não beneficia ninguém. O dumping está estabelecido e até que o mercado se regule milhares de taxistas foram prejudicados.

7. A ciclovia é um assunto que é muito discutido na cidade de SP. Andando pelas periferias e até mesmo no centro, a gente quase não vê ciclistas usando a ciclovia, e na Praça da Sé, por exemplo, virou espaço para os moradores de rua. Caso eleito, o senhor continuará com as ciclovias?

Com certeza. A bicicleta precisa ser utilizada cada vez mais como um modal de transporte. Ela precisa ser integrada ao trânsito da cidade e as ciclovias são fundamentais para isso. Pode até ser que elas sejam pouco utilizadas em alguns lugares, mas esse é um processo cultural que ainda está se estabelecendo. Agora, eu farei todo de forma planejada, estudada. Não vou sair pintando faixas apenas para bater a meta estabelecida.

8. Qual é a sua proposta para Habitação?

(Resposta junto com a próxima pergunta)

9. Caso eleito, quais serão seus projetos para oferecer melhor qualidade de vida a maioria da população, de modo diminuir a desigualdade entre a região central e as periferias da cidade?

A principal politica para diminuir a desigualdade é diminuir as razões pelas quais essa desigualdade existe. Essas razões são: a ausência do Poder Público nas periferias, o custo alto da habitação dos serviços gerais do centro expandido e uma subutilização do próprio centro da cidade que tem se deteriorado. Hoje, o valor das habitações do centro poderiam ser bastante competitivas só que não existe uma politica voltada pro centro. O projeto de expansão urbana do centro, que vem desde a gestão Kassab, não foi aprovado, nem pela Câmara nem pelo Executivo. Então, nosso principal objetivo seria a revitalização do centro, criando moradias de natureza mista no centro e incentivos para que as construtoras fizessem um retrofit do centro, que seja de interesse da comunidade, estimulando o empreendedorismo social e privado na periferia, onde ele já é muito forte, mas não consegue ter os incentivos e nem o fortalecimento necessário para poder se criar emprego e renda. Nós temos que entender também que a economia está mudando e que é mais importante a geração de renda do que necessariamente a criação de emprego. As estatísticas todas olham para a criação de emprego, mas não olham para a criação de renda. O empreendedorismo social e o empreendedorismo privado estão criando oportunidades de renda, assim como os trabalhos de TI e internet. Existe a possibilidade de, ao incentivar a tecnologia na cidade, criar milhares de empregos ligados a redes sociais e é para essa economia moderna que nós temos que colocar foco.

10. Poucos hospitais foram construídos nos últimos anos. Aqui na zona sul, na região de Parelheiros, está sendo construido um hospital, depois de muitos anos de promessas pelos ex-prefeitos. Quais são seus projetos para a área da saúde?

Não adianta você ter Hardware, se você não tiver Software. Vamos pegar o exemplo do Hospital dos Servidores: tem uma enorme demanda, mas tem áreas inteiras de ambulatórios que estão ociosas por falta de recursos, então nós temos que construir hospitais que possam efetivamente atender o público com equipamento adequado. Nós não podemos criar factoides eleitorais dizendo que vamos construir hospitais sem prever os recursos para isso e as parcerias público-privado que vão tornar esses hospitais operativos. Eu acredito na parceria publico-privado, principalmente na administração direta e todas as atividades de gestão direta da prefeitura, a única exceção que eu faço é para a área de educação, onde a implantação dessa parceria precisa ser vista com muito cuidado para que não haja uma privatização indireta da educação, mas parcerias com Organizações Sociais para hospitais, para creches e assistência ao idoso, que é outro item importantíssimo que a cidade não está olhando, elas vão ser consideradas prioridades na minha gestão.

Além disso, a saúde precisa ter um caráter preventivo e nós perdemos a oportunidade, desde o governo da Erundina, de implementar uma politica consistente de medicina familiar, que tem vários méritos. Ela, ao prevenir e ao tratar a família, em 80% dos casos de doenças comuns, evita congestionamentos e uso indevido de UBS e hospitais. Segundo, você tem uma ligação entre o médico e a família e isso facilita o acesso da família, quando necessário, as UBS. Terceiro, nós pretendemos implantar e temos que criar a Legislação necessária para a universalização dos prontuários dos pacientes, de forma que, não importa o em que hospital ou em que UBS o paciente estiver, os médicos terão acesso a sua ficha de forma atualizada. Em quarto: nós vamos criar, nesse centro de inteligência da prefeitura, uma informação transparente para a população, através de aplicativos, em que hospitais e em que UBS tem vaga para quê e quando, de forma que as pessoas possam ir diretamente aonde há maior disponibilidade de serviços de saúde, ao invés de engrossar filas onde eles estão saturados. Então, a inteligência de rede na distribuição de serviços de hospitais, a intensificação de políticas preventivas de saúde, a universalização do acesso ao prontuário do paciente são todos os aspectos que melhorariam e muito a crise de saúde que nós temos.

11. Surgiram poucas vagas em creches na gestão do prefeito Fernando Haddad. Esse é um problema que já vem de muitos anos. Qual a sua proposta em relação as creches e quais são seus outros projetos na área da educação?

Para vagas de creche, irei intensificar os esforços de parceria publico-privado, inclusive envolvendo empresas para ajudar resolver os gargalos das creches na cidade, mas, além disso, eu vou fazer o mesmo para o idoso. Um dos grandes problemas da cidade hoje é que os idosos não saem de casa não porque não podem, mas porque não tem onde ir. Criar clubes regionais e centros de convivência para o idoso é tão importante para uma cidade que envelhence quanto se criar creches para as crianças que estão sem vaga. Há lugares que estão com déficit de creches há muitos anos porque há uma questão ideológica envolvendo a parceria publico- privada. No meu governo, nós não vamos tratar disso ideologicamente, iremos tratar como demanda pública com os recursos que existirem nas comunidades para poder resolver o problema. Em relação a educação, vamos atualizar a educação, entendendo que estamos em um mundo tecnológico, onde o conhecimento é acessível através da internet e está universalizado. O que nós precisamos não é de professores que passem conteúdos apenas, nós precisamos de professores que ajudem os alunos, não só a navegar na internet, mas também navegar com eficiência, com qualidade. Quando nós entramos na universidade, temos uma matéria chamada metodologia de pesquisa, que nos ensina a utilizar bibliografias e sistematizar informações, nós precisamos levar essa competência para as escolas através dos professores.  Eles serão o nosso principal foco: a atualização dos professores e condições salariais dignas, para que o cargo da pessoa seja atrativo, não pela aposentadoria, mas, sim, pela atividade, fazendo com que as escolas tenham uma participação comunitária intensa. Os exames do PISA tem demonstrado que as melhores escolas do Brasil são aquelas onde as gestões das escolas se articulam com a comunidade para que todos cuidem da escola e da educação, nem só o privado nem só o público. Outra coisa que vamos reestudar é a serialização do conhecimento, hoje a universalização da serialização dos anos do ensino fundamental. Vivemos numa sociedade em que o conhecimento está universalizado e ainda achamos que as crianças dever ter acesso a esse conhecimento por idade, como se isso determinasse capacidade de acesso ao conteúdo. Nós já temos crianças de três e quatro anos sendo alfabetizadas, assim como temos crianças de dez anos que já conhecem todas as capitais do mundo inteiro e, assim, sucessivamente, então, nós temos que trabalhar outro conceito de serialização por competência de conhecimento e temos que derrubar as paredes tradicionais das classes e criar classes temáticas, outra relação de interação do aluno com a comunidade. Nós já temos experiências na rede publica de experimentos educacionais inspirados na experiência portuguesa que estão dando um excelente resultado, nós olharemos para isso com muita atenção e universalizaremos na medida do possível. Por último, a implantação progressiva do ensino integral nas escolas municipais.

Att,


Um comentário:

Vanilla56 disse...

Enfim um discurso coerente e moderno, onde a sustentabilidade é o ponto de partida para uma gestāo racional dos recursos naturais, humanos, financeiros e tecnológicos!
Um discurso transparente, onde o interêsse publico está acima dos interêsses individuais, possibilitando a participaçāo efetiva de cada indivíduo!
Uma proposta ética e justa para uma cidade com infinitos contrastes e desigualdades!