terça-feira, 7 de agosto de 2018

Blog entrevista o candidato à Presidência da República, João Goulart Filho, do PPL

A imagem pode conter: 1 pessoa
Foto: Divulgação
O blog do Leandro Leite começa hoje com às sabatinas com os candidatos ao governo do estado de São Paulo e a Presidência da República. Nós entramos em contato com todos os candidatos, todos eles terão o mesmo espaço, porém, sabemos que nem todos aceitaram o nosso convite.



O primeiro entrevistado é o candidato à Presidência, João Goulart Filho, do PPL. Ele falou sobre à crise no país, Lava-Jato, como recuperar a economia, privatizações, Intervenção Militar no Rio de Janeiro, entre outros assuntos.

Confira à entrevista abaixo:

1 - Nos últimos quatro anos a crise chegou com tudo no Brasil. Presidente afastada, vários políticos sendo presos na Operação Lava-Jato, enfim, parece que o nosso país chegou no fundo do poço. Qual é a sua avaliação disso tudo? O senhor foi a favor do impeachment de Dilma Rousseff?

João Goulart Filho: Realmente a elite política brasileira, representada pelos partidos tradicionais, se submeteram aos interesses de empresas monopolistas que usam como prática corriqueira a corrupção. Essa prática se intensificou ao mesmo tempo em que a sociedade também aumentou sua exigência pelo combate à corrupção. Dilma Rousseff desagradou seus eleitores ao praticar o programa de seu adversário. Sem apoio popular, ela abriu caminho para que seus antigos aliados a derrubassem para aprofundar a política neoliberal. O impeachment foi apenas a forma que eles encontraram para afastá-la, mas o que inviabilizou seu governo foi o desgosto da população.   

2 - O que o senhor vai fazer para a economia voltar à crescer?

JG: A grande emergência nacional consiste em realizar um firme combate ao desemprego. Nossa meta para os quatro anos de governo é criar 20 milhões de novos empregos. E, desde o primeiro dia de governo, estaremos adotando medidas para gerar emprego. Nossa estratégia consiste em adotar um conjunto de medidas para relançar o mercado interno, a começar pelo aumento do poder de compra das famílias. Para isso, iniciaremos no primeiro dia de nosso governo a política de recuperação do salário mínimo, já aumentando em 25% seu poder de compra (nossa meta é duplicá-lo em quatro anos). Ao mesmo tempo, revogaremos a lei que revogou a CLT; o objetivo é possibilitar que o trabalhador possa negociar em melhores condições seu salário e condições de trabalho. Em segundo lugar, de imediato, adotaremos três medidas para fortalecer o poder de compra do governo: baixaremos a taxa de juros real básica, a Selic, para o patamar internacional, revogaremos a lei do teto de gastos e acabaremos com a maioria das desonerações tributárias. Terceiro, aumentaremos o poder de compra das empresas mediante a redução da taxa de juros: para isso, além de baixarmos a taxa básica real, pressionaremos o spread para baixo com o aumento da oferta de crédito barato pelos bancos oficiais. Com isso, as empresas terão dinheiro barato para reforçar seu capital de giro e adquirir matéria prima.

3 - O senhor é a favor da Reforma da Previdência?

JG: Não. Pelo contrário. Defendo aumentar os direitos previdenciários. Defendo o fim do fator previdenciário e do modelo 85/95. Acho que os aposentados devem ter direito a se aposentar com o salário da ativa. 

4 - Privatizações: O senhor é a favor ou contra?

JG: Sou contra as privatizações. O Brasil precisa das estatais para atuar em áreas onde não há concorrência. No lugar das estatais o que há são monopólios privados, que são lesivos aos interesses nacionais e populares.   

5 - A cada ano que passa, aumentam o número de crimes no país. Infelizmente às leis são muito frágeis. Por exemplo, um motorista dirige bêbado, mata uma pessoa e não fica nem 24h preso. Qual é a sua proposta para diminuir a violência no nosso país? O senhor criará leis mais consistentes para os culpados ficarem muito tempo na cadeia?

JG: Para enfrentar a violência crescente, que está matando 62 mil pessoas por ano, na maioria jovens, segundo o último Mapa da Violência, temos que tomar várias medidas. São medidas que têm que ser tomadas simultaneamente. Reduzir rapidamente o desemprego e a desigualdade social. Implantar o ensino em tempo integral. Aumentar vigorosamente a presença do Estado – educação, saúde, cultura, segurança - nas comunidades. Investir pesado na valorização do policial. Não é admissível que policiais recebam um salário indigno e tenham que fazer bico para sobreviver. Aparelhamento e tecnologia intensivos nas forças de segurança. Coordenação direta dessa área pelo Poder Executivo. Essas são algumas das medidas de meu governo. Não acho que as leis tenham que ser mudadas. Sem essas medidas, mudanças de leis não vão interferir na mudança desse quadro deslador. A população carcerária brasileira já é a terceira maior do mundo.        

6 - Ainda falando em segurança pública. O senhor é a favor da Intervenção Militar no Rio de Janeiro?

JG: Acho que a intervenção militar no Rio foi uma jogada política eleitoral de Temer. Ela fracassou como intervenção e como jogada eleitoral. A cúpula do Rio estava envolvida com a corrupção. Os militares não merecem ser jogados em atividades para as quais não estão preparados. As FFA armadas têm tarefas muito mais nobre a cumprir como a defesa da soberania nacional, das nossas fronteiras, de nossas riquezas minerais, etc. 

7 - O transporte público nas grandes cidades está muito caro. Aqui em São Paulo, por exemplo, a tarifa de ônibus-metrô-CPTM custa 4 reais. A integração ônibus+metrô ou ônibus+CPTM que era a metade, hoje custa quase um valor integral. O que o senhor pode fazer para às regiões terem um transporte barato e de boa qualidade?

JG: Ampliar a presença do Estado nos transportes públicos. Aumentar os investimentos na ampliação e melhoria dos transportes. Combater as práticas monopolistas e a corrupção nesses setores. 

8 - O senhor é a favor da Lava-Jato?

JG: Sim

9 - Qual será sua prioridade no seu governo?

JG: Aumentar salários para ampliar o mercado interno, e a criação de empregos. Nosso plano é dobrar o salário mínimo em quatro anos e criar 20 milhões de empregos.   

10 - Qual é a sua proposta para diminuir o número de desemprego que a cada semestre aumenta?

JG: Já respondi antes. Elevar os salários para que cresçam as vendas e os empresários possam usar a capacidade ociosa de suas empresas para aumentar a produção. Ao mesmo tempo reduzir os juros para que o crédito fique mais barato e aumentar os investimentos públicos. Os recursos para isso virão da redução das despesas financeiras, da revisão das isenções fiscais para grandes multinacionais e o agronegócio. Além disso vamos cobra impostos de lucros e dividendos e operações financeiras.   

11 - A saúde no Brasil está caótica. Sempre tem casos de pessoas que morrem em filas de hospitais devido à falta de atendimento. Qual é sua proposta para essa questão?

JG: Resolver o subfinanciamento crônico do SUS. Temos que no mínimo chegar a  R$ 200 bilhões os recursos para a Saúde. Para isso vamos acabar com as isenções de planos de saúde, acabar com a DRU e revogar a MP que congelou os gastos sociais por vinte anos.  

12 - O senhor terá pouco tempo na TV e no rádio. Isso pode atrapalhar a sua campanha, já que essa eleição promete ser a mais disputada de todos os tempos?

JG: Sem dúvida atrapalha, mas vamos à luta. É uma luta de David contra Golias, mas às vezes Golias cai.  

13 - Pessoas despreparadas têm ocupado cargos importantes no governo sem a menor competência para tal. Resultado: Estado caro e ineficiente. O que será feito no seu governo para acabar com o apoio político em troca de favores e cargos públicos?

JG: O problema não é exatamente esse. É claro que tem que haver preparo. Mas só isso não adianta. Tem que saber a quem o servidor público está representando. Havia alguma dúvida do preparo de FHC? Ele era preparado, mas defendia os interesses dos banqueiros e multinacionais. 

14 - O ensino fundamental e médio no Brasil é de péssima qualidade. Quais as suas propostas para a educação?

JG: Acho que a responsabilidade pelo ensino básico do Brasil tem que passar para o governo Federal. Temos que ter padrão federal. As prefeituras e Estados não têm condições de ateder no nível em que é preciso o ensino. Por isso defendo a federalização do ensino básico. 

15 - O senhor tem alguma proposta para redução de gastos e salários absurdos que a máquina pública patrocina no cenário político atual?

JG: Salários ilegais têm que ser combatidos. Os servidores públicos em sua maioria estão com salários congelados. Não acho que esse seja um problema. O que acho alarmante é a União tirar de seu orçamento R$ 400 bilhões todos os anos só para pagamento de juros aos bancos.   

16 - Candidato, o senhor considera que as eleições no Brasil, da maneira como são promovidas e realizadas, significam de fato uma democracia?

JG: O regime democrático é, na minha opinião, o melhor regime. Mas, acho que a nossa democracia foi desrespeitada e violentada. Criar um fundo público de R$ 1,7 bilhão com dinheiro público para dividi-lo com os quatro partidos que mais roubaram para impedir a renovação que a sociedade exige não é democrático. Temos que acabar com isso. Temos que aumentar participação direta da sociedade nas questões políticas.    

17 - João Goulart Filho, o Blog do Leandro Leite agradece pela sua participação na nossa sabatina online. Obrigado e boa sorte!

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente entrevista! O Brasil não aguenta mais essa política e esses políticos que estão aí.