quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Guarda civil é preso suspeito de atrair jovens assassinados na Grande SP

A polícia prendeu nesta quinta-feira (10) um guarda civil metropolitano de Santo André, na Grande São Paulo, suspeito de envolvimento na execução de cinco jovens no último dia 20 de outubro.  Ele é investigado por ser um dos suspeitos de criar perfis falsos, passando-se por garotas, para atrair os jovens para uma festa. A justiça decretou a prisão preventiva por 30 dias.
A informação foi confirmada  pelo advogado Ariel de Castro Alves, do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe).

"O importante é que as invetsigações estão avançando e já temos uma primeira resposta à sociedade e às famílias", disse Alves.
O Instituto Médico Legal identificou o corpo de mais um jovem que foi encontrado morto com outros quatro rapazes em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, Jonatan Moreira.
Jonatan estava com outros 4 jovens a caminho de uma festa quando desapareceu no dia 21 de outubro, no Jardim Rodolfo Pirani, Zona Leste. Ele enviou uma mensagem para uma amiga dizendo que estavam sendo abordados. Os corpos foram encontrados, enterrados, na área rural de Mogi, no último domingo.
Agora só falta confirmar se o quinto corpo é de Jones Ferreira Januário, que dirigia o carro onde eles estavam quando desapareceram.
Os laudos da necropsia dos corpos já reconhecidos e liberados devem ser encaminhados para polícia civil dentro de no máximo 30 dias. Com todas informações sobre as causas das mortes, dia e horários aproximados, entre outras.
Cadeirante esfaqueado
Um dos cinco corpos encontrados em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, foi esfaqueado enquanto os demais acabaram mortos a tiros.
O cadeirante Robson Fernando Donato de Paula, de 16 anos, foi morto a facadas. Os outros quatro amigos dele foram mortos a tiros.
Hipóteses
Uma das linhas de investigação é de que policiais militares estejam envolvidos no desaparecimento e execução dos rapazes. A morte de um Guarda Civil Municipal de Santo André, em uma tentativa de roubo em setembro, teria motivado os crimes.
Os órgãos investigam se as vítimas foram executadas porque quatro delas já tinham passagens criminais pela polícia.
Na segunda-feira (7), o DHPP ouviu um policial militar que teria consultado dados de alguns dos desaparecidos no dia em que eles foram vistos pela última vez. Ele negou envolvimento no crime.
A investigação também pediu os GPs das viaturas policiais que estavam patrulhando a região de Sapopemba.
Jonathan, Caíque, Jones, César, Robson e carro abandonado em São Paulo (Foto: Reprodução/Polícia Civil)Jonathan, Caíque, Jones, César, Robson e carro abandonado em São Paulo (Foto: Reprodução/Polícia Civil)Um dos indícios da suposta participação policial é uma mensagem enviada por Jonathan para uma amiga às 23h do dia 21 de outubro, quando falou que estava passando por uma blitz da polícia. Ele relatou ter sofrido "enquadro" e "esculacho" de policiais.
A segunda hipótese é um suposto envolvimento de guardas civis na chacina. O motivo seria vingar a morte de um guarda. No bairro dos jovens sumidos, havia um boato de que eles tivessem matado o agente.
Já a terceira hipótese é a de que o grupo desaparecido tenha sido morto por criminosos num acerto de contas. Os rapazes teriam batido no carro de um traficante, que ficou irritado pelo fato de eles não pagarem o conserto.
Calibres
A investigação encontrou e entrou num sítio usados pelos PMs que fica próximo ao local onde os cinco corpos foram localizados em Mogi das Cruzes. Lá havia cal e munições que foram apreendidas e serão periciadas.
Perto dos cadáveres foram achados cartuchos de balas calibre .40 _de uso exclusivo das forças policiais.
O Tribunal de Justiça Militar decretou segredo na apuração da Corregedoria da PM.
O DHPP investiga se os jovens foram para uma emboscada.
Perícia e proteção
O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) pediu para a Secretaria da Segurança Pública (SSP) autorizar uma perícia particular nos corpos.
Diante da negativa da pasta, o Condepe reiterou a solicitação à Segurança. Apesar de os três corpos identificados terem sido liberados para os parentes enterrarem, eles querem realizar uma cerimônia conjunta. Por isso aguardam a identificação e liberação das outras duas vítimas.
O conselho também informou que iria pedir a inclusão da família de uma das vítimas no programa de proteção à testemunha porque ela se sente ameaçada por policiais.
Para a Ouvidoria da Polícia há indícios da participação de grupo de extermínio nas mortes.

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