O analista Paulo Cesar de Lima, de 22 anos, diz ter sido agredido por
torcedores do São Paulo em um ônibus intermunicipal na noite do último sábado
(18), quando seguia de Taboão da Serra, na região metropolitana, para
Pinheiros, na Zona Oeste da capital.
Segundo Lima, um grupo de cerca de 30 integrantes da Torcida
Independente, uma das torcidas organizadas do São Paulo, entrou no
ônibus da linha 078- Pinheiros da (EMTU) quando o veículo estava próximo ao estádio
do Morumbi, na Avenida Francisco Morato.
Ele contou que uma dupla de torcedores começou a agredi-lo verbalmente,
com frases e palavras homofóbicas. Em seguida, relata o analista, as
agressões passaram a ser físicas, com socos que provocaram um corte no
supercílio de um olho.
O analista registrou o boletim de ocorrência do caso no dia seguinte às agressões, no domingo (19), no 89º
Distrito Policial (Portal do Morumbi). Ele também realizou exames de
corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML).
"Eles entraram no ônibus pela porta de trás, sem pagar. Eram cerca de
30 torcedores e eu. Como tenho epilepsia, estava sentado na cadeira de
deficientes, ao lado da porta, e ainda havia muitos lugares vazios no
ônibus. Acho que, por causa do meu cabelo platinado, começaram a tirar
sarro de mim, perguntando para que time eu torcia. Eu disse que não
gostava de futebol, não tinha time", afirmou o analista, que é
homossexual e torce para o São Paulo.
Segundo Lima, as agressões partiram principalmente de dois homens, um
deles de boné azul.
"Eu ignorei, mas eles continuaram me chamando de
bicha, de mulherzinha, de 'viado', falando que eu era uma vergonha para a
sociedade. Até que começaram a cuspir no meu rosto e me dar socos. Um
deles me deu uma cabeçada que fez sangrar o supercílio do olho",
relembra.
O jovem diz que não reagiu, apenas se levantou quando não aguentava
mais de dor. Em seguida, os torcedores desembarcaram do ônibus.
"Não desejo o que passei para ninguém. Espero que a sociedade tome
consciência que desrespeito e homofobia existem e foi o que eu passei.
Foi, sim, um ato homofóbico e eles não podem fazer isso com as pessoas",
defende Lima.
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