quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Jovem diz ter sido vítima de agressão homofóbica por integrantes da torcida Independente, em ônibus de SP

(Foto: Pedro Lima/Arquivo pessoal)
O analista Paulo Cesar de Lima, de 22 anos, diz ter sido agredido por torcedores do São Paulo em um ônibus intermunicipal na noite do último sábado (18), quando seguia de Taboão da Serra, na região metropolitana, para Pinheiros, na Zona Oeste da capital. 

Segundo Lima, um grupo de cerca de 30 integrantes da Torcida Independente, uma das torcidas organizadas do São Paulo, entrou no ônibus da linha 078- Pinheiros da (EMTU) quando o veículo estava próximo ao estádio do Morumbi, na Avenida Francisco Morato. 

Ele contou que uma dupla de torcedores começou a agredi-lo verbalmente, com frases e palavras homofóbicas. Em seguida, relata o analista, as agressões passaram a ser físicas, com socos que provocaram um corte no supercílio de um olho. 

O analista registrou o boletim de ocorrência do caso no dia seguinte às agressões, no domingo (19), no 89º Distrito Policial (Portal do Morumbi). Ele também realizou exames de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). 

"Eles entraram no ônibus pela porta de trás, sem pagar. Eram cerca de 30 torcedores e eu. Como tenho epilepsia, estava sentado na cadeira de deficientes, ao lado da porta, e ainda havia muitos lugares vazios no ônibus. Acho que, por causa do meu cabelo platinado, começaram a tirar sarro de mim, perguntando para que time eu torcia. Eu disse que não gostava de futebol, não tinha time", afirmou o analista, que é homossexual e torce para o São Paulo. 

Segundo Lima, as agressões partiram principalmente de dois homens, um deles de boné azul. 

"Eu ignorei, mas eles continuaram me chamando de bicha, de mulherzinha, de 'viado', falando que eu era uma vergonha para a sociedade. Até que começaram a cuspir no meu rosto e me dar socos. Um deles me deu uma cabeçada que fez sangrar o supercílio do olho", relembra.

O jovem diz que não reagiu, apenas se levantou quando não aguentava mais de dor. Em seguida, os torcedores desembarcaram do ônibus. 

"Não desejo o que passei para ninguém. Espero que a sociedade tome consciência que desrespeito e homofobia existem e foi o que eu passei. Foi, sim, um ato homofóbico e eles não podem fazer isso com as pessoas", defende Lima.

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